terça-feira, 28 de julho de 2009

INFLUÊNCIA DE REMÍGIO JÚNIOR NO PODER PÚBLICO DE PIANCÓ: A ENGENHOSIDADE DA PREDOMINÂNCIA PELA AUTOJUSTIFICAÇÃO E DISSIMULAÇÃO POLÍTICA

Salta aos olhos da população e, particularmente, aos dos que, como eu, analisam e comentam o cenário político de Piancó, um fato singular e interessante. Um fato que, de tão inusitado, no mínimo impressiona, espanta e constitui talvez o assunto ora mais comentado em nosso município, e que já se alastra pela região afora. Trata-se da habilidosa influência pessoal e política do advogado Antônio Remígio da Silva Júnior (Remígio Júnior) em nosso Poder Executivo e em nosso Poder Legislativo.

Remígio Júnior é, atualmente, sem dúvida alguma, a figura mais polêmica e enfocada da esfera política de Piancó. É indubitavelmente (e seria cinismo querer negar isso) o vulto que mais vem provocando expectativa e apreensão de sua escalada político-eleitoral em Piancó, dada sua proximidade à prefeita Flávia Galdino e ao ex-governador Cássio Cunha Lima.

E o mais curioso de tudo isso é que nem eleitor em Piancó Remígio Júnior é. E, como se tal não bastasse, ainda por cima ele assegura (jura de pés juntos) que está afastado da política, que nada tem que ver com política em Piancó, que apenas presta serviços a políticos.

Mas, se assim categoricamente ele diz, por que, então, sua acentuada evidência na política de Piancó? Por que ele suscita tanto receio, dúvida e inquietação no contexto político-partidário daqui? Evidentemente que não é só por causa de sua identificação com Flávia e com Cássio, irretorquivelmente que é por isso e por outras coisas mais, que a nós, eleitores de Piancó, muito importa levar em conta, principalmente no que diz respeito às eleições de 2010 e 2012.

Não se pode negar que Remígio Júnior tem revelado concretamente seu potencial em Piancó, e, no campo político, acabou por adquirir relevância pela sua originalidade em influenciar.

A princípio, convém notar que Remígio Júnior conhece a fundo Piancó. Que conhece (como a palma da mão) nosso ambiente político, social e econômico. É um autêntico produto do meio piancoense. E tanto assim é que, pela sua desenvoltura no campo jurídico, bem poderia viver em outros centros mais risonhos para sua profissão de advogado, mas prefere permanecer aqui. É teluricamente preso à terra natal. É fortemente arraigado ao campo. Ele próprio afirma que é mais agricultor do que advogado.

Tais atributos – e outros que adiante se verão – revelam a emotividade de Remígio Júnior, seu sentimentalismo e sensibilidade. No fundo, Remígio Júnior é um sentimental, um romântico; rende-se facilmente às amizades.

Seu perfeccionismo, senso de organização e trabalho metódico têm-lhe dado eficiência e credibilidade em seus empreendimentos e nos que lhe são confiados, o que lhe tem valido repercussão profissional. Na área político-administrativa ele vem robustecendo sempre mais a capacidade, pelos inúmeros problemas que soluciona. Capacidade que se vem refletindo em sua influência político-administrativa em Piancó.

À medida que, como assessor jurídico, vai imergindo na diversidade dos problemas políticos e administrativos de Piancó, adquire cada vez mais experiência nesse labirinto que a complexa política piancoense tem tecido ao longo do tempo.

Obsessivamente laborioso e dedicado ao dever, Remígio Júnior revela-se, por isso, como o tipo perfeito para enfrentar situações que exigem trabalho organizado, tenso e prolongado. Ele já demonstrou essa vantajosa aptidão em campanhas eleitorais, tanto suas como de Gil Galdino, de Edvaldo de Caldas e de Flávia Galdino, e todos esses sabem: foram favoráveis os resultados.

Vale lembrar aqui que essa peculiar operosidade de Remígio Júnior é um dos pontos que têm levado muitos analistas da realidade política de Piancó a afirmar que Edvaldo de Caldas, ao ficar sem Remígio Júnior, teve prejuízo eleitoral, e Flávia Galdino, ao passar a contar com ele, evoluiu eleitoralmente. Não são poucos os que estão convictos de que a maioria eleitoral de Flávia, em 2008, deveu-se fundamentalmente à influência eleitoral de Remígio Júnior. Afinal, a propósito disso, é preciso ver que dois familiares de Remígio Júnior, candidatos a vereador, Christtiane Remígio e Quinca Remígio, tiveram expressiva votação. E... sangue é sangue...

Também vale aqui lembrar que, sempre que se estabelece relação entre Remígio Júnior, Edvaldo de Caldas e Flávia Galdino, surgem forçosamente inúmeras indagações (até agora não satisfatoriamente esclarecidas à população), tais como, por exemplo:

Por que Remígio Júnior se afastou de Edvaldo de Caldas, quando ambos viviam em comunhão com Cássio Cunha Lima? Por que Remígio Júnior, depois de exaustivamente criticar falhas político-administrativas de Flávia, contraditoriamente acabou por levá-la para Cássio e por apoiá-la na campanha eleitoral do ano passado? Por que, tão logo após eleger-se vereadora, Christtiane Remígio, outrora tão prestigiada na gestão pública de Edvaldo de Caldas, passou a fazer parte da bancada da prefeita Flávia Galdino? Se a vereadora Christtiane Remígio passou a apoiar Flávia, há possibilidade de o suplente de vereador Quinca Remígio fazer o mesmo?

Nos municípios do Vale do Piancó, onde presta assessoria jurídica a políticos (como ele gosta de enfatizar), Remígio Júnior vem angariando evidência pelo seu tino político-partidário, e tornando-se cada vez mais íntimo dos políticos que assessora, o que bem já lhe pode constituir, nessa região, um prenúncio para sua estratégia de atuação, em 2010, como cabo eleitoral de Cássio Cunha Lima, seu dileto amigo.

Remígio Júnior é dotado de um dom que (principalmente em política, e, especialmente, numa política subserviente e capciosa como a nossa) lhe dá inegáveis vantagens no controle de certas situações: é um ouvinte nato, por demais paciente, quando se trata de ter de assimilar ideias, opiniões, juízos de valor de alguém em cujas reações ele esteja interessado.

Outro atributo típico de Remígio Júnior é seu talento para dirigir manifestações espetaculares em campanhas eleitorais em Piancó. Os comícios e carreatas por ele organizados são estrondosos, suficientes para sugestionar os eleitores caracteristicamente susceptíveis, e neles incutir a imagem do candidato. Foi o que se deu na campanha de Flávia Galdino no ano passado.

Culminando tudo isso que ficou dito, eis que se chega ao cerne da questão: a influência político-administrativa de Remígio Júnior no Poder Executivo e no Poder Legislativo de Piancó. Na Prefeitura, nas secretarias municipais, na Câmara Municipal, enfim, em seja qual for a área da Gestão Pública piancoense, qualquer pessoa, por mais desavisada que esteja, perceberá a sutileza da influência de Remígio Júnior. Nenhuma decisão séria será tomada nesse ambiente político-administrativo sem que se consulte Remígio Júnior. O sim e o não dele são decisivos. Ele é que sabe competentemente mover as peças do xadrez da intrincada Administração Pública atual de Piancó. Ele é que sabe estender o fio orientador por esse labirinto. Não ouvi-lo é correr o risco de se perder... tanto agora como em 2010 e em 2012...

sábado, 18 de julho de 2009

CONSTERNAÇÃO NA ÉTICA E NA MORALIDADE DE PIANCÓ: MORRE EURIDES LIBERALINO, UM EXPOENTE DO CARÁTER


Este desalentado Piancó, tão já desfalecido pela contundência dos responsáveis pelo seu atraso; este desiludido Piancó, tão já desesperançado do advento de líderes sérios, verdadeiramente comprometidos com a sinceridade social e o bem comum; este decepcionado Piancó, tão já convicto de sua falsa moralidade política, forjada no engodo, na bajulação e na demagogia, vê-se, agora, ainda mais moralmente desfavorecido, pela morte - dia 11 deste mês de julho de 2009 - do memorável Eurides Liberalino de Souza (Mestre Eurides), exemplar referencial de probidade, serenidade e inteireza de caráter, em que Piancó precisa inspirar-se para redimir-se da culpa de persistir na indolência da retrogradação.

Foi-se Mestre Eurides dentre os que o tinham como modelo de homem de boa vontade, humilde, pacato e justo. E deixou-nos falta sua palavra branda, judiciosa, sábia. Sem seus conselhos e ensinamentos, Piancó ficou mais carente de discernimento, de esclarecimento, de luminosidade espiritual.

Rompeu-se o último elo que ligava o Piancó contemporâneo ao Piancó da década de 1920, e fundia-se nessas duas épocas como condutor e propagador do ideário do Padre Aristides.

Silenciou-se a voz que tão veementemente apregoava e enaltecia a bravura, a altivez e o senso libertário do destemido e valoroso sacerdote. Interrompeu-se a difusão da autodeterminação política do padre que deu a Piancó, em toda a sua história, a maior lição de exercício da cidadania, resistência e libertação.

Ao referir-se à afinidade de seu pai com o Padre Aristides Ferreira da Cruz, imprimia Mestre Eurides na expressão um cunho de especial reverência àqueles dois vultos históricos do Piancó da primeira metade do Século 20. Ressaltava-lhes notadamente o brio como patrimônio moral que ele tinha como sagrado.

Falava com acentuado fervor da perseverança de seu pai em ter, como filho de criação do Padre Aristides, prosseguido fraternalmente solidário para com os amigos e simpatizantes daquele célebre sacerdote político.

Tal qual seu pai Pedro Inácio Liberalino, Mestre Eurides inspirava-se ardorosamente na personalidade do Padre Aristides, a quem exaltava como consagrado herói, e seguia-lhe a linha de conduta, repudiando a injustiça social, o servilismo político e a covardia.

Revelava nobreza e hombridade na sua postura social, senso de retidão, justiça e magnanimidade. Era uma perfeita projeção moral de seu pai, que eu, ainda infante, também conheci, e que me dedicava atenção e amizade, narrando-me entusiasticamente pormenores do episódio da passagem da Coluna Prestes em Piancó, o que tanto me serviu para minha concepção de transformar tais fatos em atrativo turístico em prol principalmente dos pobres e dos excluídos. Mestre Eurides acalentou solidariamente comigo esse sonho, e exortou-me a persistir nele inabalavelmente.


Todos os que, como eu, conheceram a têmpera moral de Pedro Inácio Liberalino, e viu como se comportou Mestre Eurides em Piancó, não têm dúvida de que o filho seguiu louvavelmente o rastro do pai. Tendo tido seu caráter ainda mais avigorado pela convivência com o Padre Aristides, Inácio Liberalino (como era mais conhecido) deu ao filho Eurides o inestimável legado da dignidade, da credibilidade e da vergonha, predicados de que o Piancó atual tanto carece.

Distinguia Mestre Eurides a atraente capacidade de influenciar as pessoas pela suave expressividade do tato pessoal, pela delicadeza e mansidão. Sua presença irradiava ternura, singeleza, simplicidade, e disso lhe advinham o respeito e a admiração dos que o buscavam. Comedido, sensato e prudente, fazia-se ouvir atenta e prazerosamente pelos que lhe admiravam a modelar personalidade e honradez, como eu, que, tantas vezes, o ouvi discorrer sobre sua vida, sobre o Piancó de ontem e o de hoje, sobre as mudanças com que ele sonhava para Piancó.

E aprendi muito com ele. Lições de sua experiência de vida. Lições de seu aprendizado de convivência social. Lições de seu caráter. Preciosíssimas lições para mim, as quais não cheguei a ter de meu pai, por de mim ter-se ido ele tão cedo. Ricas lições de prudência, de sabedoria, de verdade. E aqui me associo à alegria dos familiares de Mestre Eurides, por ter tido eu, como eles, o privilégio de partilhar do tesouro da sabedoria humanística dele.

Revelava Mestre Eurides forte pendor para tudo o que dissesse respeito à arte de viver, à etiqueta, às normas da boa conduta. Era cavalheiresco, cordial, gentil, e falava com calma e moderação. Sua figura em qualquer ambiente de Piancó constituía uma marca de distinção pessoal. Em suma, era inquestionavelmente um vulto notável de Piancó.

Corte e costura, esporte, cultura, comunicação social, dança, música, contabilidade, política foram campos em que Mestre Eurides atuou talentosamente. Em todos ele fez a diferença.

Destacou-se como alfaiate de referência regional, pelo refinamento de seu estilo, vestindo elegantemente várias personalidades do Vale do Piancó. No futebol piancoense, foi um ícone como jogador, goleiro, juiz e técnico. Nas mais diversas manifestações culturais, sua opinião sempre produzia um belo resultado, graças a seu refinado senso estético. Como locutor, marcou época. Ouvi-lo, pela difusora, nos saudosos programas musicais por ele apresentados, era um deleite para a romântica sociedade piancoense de então. Nas festas, nos bailes, nos carnavais, era um símbolo de notável influência e atração, dançando habilmente todos os ritmos. Grandes dançarinos de Piancó inspiravam-se nele. Tinha um senso musical altamente apurado. Cantores como Francisco Alves, Carlos Galhardo, Sílvio Caldas, Ângela Maria eram seus ídolos prediletos. Sua atuação na contabilidade foi um exemplo de seriedade profissional. Na política, como vereador, tentou mostrar uma nova imagem de homem público, mas sentiu como isso era difícil em Piancó. Não foi suficientemente compreendido, pois o sistema político lhe era indiferente a suas ideias de mudança.

Culminando a manifestação de sua brilhante personalidade, Mestre Eurides, ao lado de sua esposa Isabel, edificou uma família que é digna de nota na história de Piancó, pela conduta, pela idoneidade, pela formação.

Mas, apesar de sua vida exemplar e harmoniosa, Mestre Eurides não negava sua indignação e decepção diante de certos procedimentos políticos de Piancó, discordes dos que ele aprendera com seu pai. A prudência, entretanto, o refreava de externar seus protestos e críticas, mas não escondia seu descontentamento.

Chegou a confessar-me seu desapontamento por compreender que a política conservadora era a causa principal do atraso de Piancó. E, certa noite, ao conversarmos sobre o continuísmo político de velhas lideranças daqui, e analisarmos as consequências disso, ele, na mansidão que tão lhe era peculiar, proferiu-me, pausadamente, esta sentenciosa expressão (felizmente por mim taquigrafada), que bem merece ser tomada como memoração – por ele almejada - da dignidade do Padre Aristides, como um grito de comando, como uma divisa de reação e resistência:

“A causa principal da decadência de Piancó tem sido sua política conservadora. Aqui falta um líder corajoso, sincero e independente, capaz de romper com o continuísmo do sistema dominante, e comandar a população na construção de um novo Piancó. Depois do Padre Aristides, não surgiu ninguém que fizesse isso. Piancó precisa de um libertador!”

Seu brado libertário, Mestre Eurides, não terá sido em vão. Os que têm senso de vergonha e dignidade perseverarão impassivelmente na luta e empenho constantes contra os que usurpam Piancó. Deus tudo pode, e talvez Ele tenha permitido que o libertador de Piancó já esteja entre nós...

sábado, 11 de julho de 2009

PRÓ-FLÁVIA OU PRÓ-PIANCÓ: DILEMA DO VOTO DE DESEMPATE DE ANTÔNIO LEITE

Em 20/03/2009, o vereador Antônio de Pádua Pereira Leite, do PT, publicou em seu site Pádua Leite.com a seguinte matéria:

"CPI dos Tributos será instalada...

Bloco Parlamentar de Oposição procurou a Justiça...

A Juíza de Direito da 1ª Vara da Comarca de Piancó, Dra. Luciana Rodrigues Lima, concedeu, na manhã de ontem (19/3), liminar nos autos do Mandado de Segurança (Proc. nº 026.2009.000.263-0), promovido pelo Bloco Parlamentar de Oposição contra o presidente da Câmara de Vereadores de Piancó, Antônio Leite Neto, para determinar a instalação da CPI dos Tributos.

Em sua decisão, a Juíza alegou que "Em sendo preenchidos os requisitos constitucionais, impõe-se a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito, que não depende, por isso mesmo, da vontade aquiescente da maioria legislativa, desnecessária, portanto, a submissão do requerimento a apreciação do plenário da Câmara.

A CPI dos Tributos foi rejeitada, no último dia 07 de março, pela maioria dos vereadores (bancada do governo Flávia Galdino), desatendendo à legislação federal, estadual e municipal.

Cabe agora ao presidente da Câmara Municipal de Piancó instalar a CPI dos Tributos sob pena de desobediência à ordem judicial.'

Por sua vez, o Jornal da Paraíba, edição de 4 de julho de 2009, publicou a seguinte matéria da jornalista Beth Torres:

"Prefeitura de Piancó teria cometido irregularidades em arrecadações

Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar supostas irregularidades na arrecadação de tributos pela Prefeitura Municipal de Piancó já estão em fase de conclusão. As primeiras constatações são de que haveria uma diferença de quase R$ 30 mil nos valores informados ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) em relação ao Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) recolhido pelos cartórios locais. O presidente da CPI, vereador Antônio de Pádua Leite (PT), diz acreditar que essa diferença do valor arrecadado para o que foi informado ao TCE pode superar R$ 500 mil.

Segundo o petista, a CPI constatou que há várias irregularidades, dentre elas, se destacam: os valores informados ao TCE seriam fictícios, não correspondem aos valores encontrados na conta corrente da Prefeitura Municipal; bem como aos valores informados pelos cartórios locais no tocante ao ITBI; as guias de recolhimento não são autenticadas no Banco do Brasil, apenas um carimbo com o nome “Pago”, com data e assinatura do funcionário é que garante a quitação do tributo.
“Constatou-se, ainda, que não há qualquer segurança quanto aos valores pagos, ou seja, o tributo é cobrado de acordo com o voto do eleitor (se for aliado da prefeita, o valor é menor; se for adversário, o valor é mais do que o dobro); constatou-se, ainda, que o funcionário no final do expediente recolhe os valores ao banco, eis que o contribuinte paga em dinheiro na tesouraria da prefeitura e não na agência bancária”, destacou Pádua Leite, acrescentando que ao confrontar os números declarados nos balancetes mensais da Prefeitura Municipal com as certidões fornecidas pelos cartórios locais, referentes ao período de 2005 a 2008, a diferença é “gritante”.

De acordo com o vereador petista, em Piancó, não existe nenhum controle contábil e nem critérios objetivos de cobrança na arrecadação de tributos municipais. Isso, segundo ele, dá margem a dúvidas sobre os valores declarados nos balancetes mensais. Ele denuncia ainda que existem privilégios a certos contribuintes, que seguem a orientação política da gestora, o que estaria acarretando sérios prejuízos aos cofres públicos.

A CPI só foi instaurada após uma “batalha” judicial, pois como o Legislativo municipal não quis a criação da comissão, os parlamentares tiveram que recorrer à Justiça. No dia 7 de março deste ano, os vereadores Pádua Leite, Francisco Ferreira da Silva (PMN), José Bráulio de Souza Júnior (PTB) e Wagner Ricardo Leite Brasilino (PP) apresentaram requerimento para a instauração da comissão e o presidente da Casa vereador Antônio Leite Neto levou o requerimento para apreciação do plenário. Como a oposição é minoria, acabou sendo derrotada.

Por conta da “manobra” feita em plenário, o vereador petista representou criminalmente o presidente da Câmara Municipal de Piancó, Antônio Leite Neto, por suposto crime de responsabilidade ao impedir, ou tentar impedir, o regular funcionamento de CPI. Apenas no dia 13 de abril, a comissão foi finalmente instaurada. A reportagem tentou entrar em contato com a prefeita de Piancó, Flávia Galdino (PP), mas não obteve resposta.'"

Das matérias acima, e de minha matéria anterior, Acintosidade na votação de proposições da oposição: a Mesa Diretora da Câmara de Piancó deve explicação à sociedade sobre esse descaso, constata-se um fato grave, digno de atenta apreciação por parte da sociedade piancoense: o presidente Antônio Leite Neto, usando da prerrogativa parlamentar de seu voto de desempate, não permitiu a aprovação das seguintes proposições de autoria do vereador Antônio de Pádua Pereira Leite (PT), subscritas por seus pares da bancada de oposição:

"Projeto-de-Lei nº 002/2009, que dispunha sobre a obrigatoriedade dos Poderes Executivo e Legislativo de divulgar, mediante impressos e meios eletrônicos de acesso público, as prestações de contas do Município.

Projeto-de-Lei nº 003/2009, que alterava e acrescentava artigos à Lei Municipal nº 384, de 10 de março de 1977, que criava, instituía e disciplinava o Diário Oficial do Município de Piancó.

Projeto-de-Lei nº 004/2009, que dispunha sobre normas específicas em matéria de licitação no âmbito do Município de Piancó, e assegurava que a escolha para membros da Comissão de Licitação no Município de Piancó, em número de 3 (três) pessoas, deveria recair sobre servidores concursados do quadro permanente da Prefeitura Municipal de Piancó e outro escolhido pela Câmara Municipal.

Requerimento de Criação de Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar fatos a respeito da existência de irregularidades administrativas concernente à arrecadação de tributos municipais no Município de Piancó."

De tudo isso, resulta, pois, claramente manifesto (até prova em contrário) que o presidente Antônio Letie Neto votou contra a Transparência Pública. As aludidas proposições tratavam da Transparência Pública, e não seria meramente o fato de elas procederem de oposicionistas que legitimaria a atitude de Antônio Leite de decidir contra elas. A função fiscalizadora do vereador Antônio Leite sobrepõe-se a seus interesses de ordem político-partidária, e, conseguintemente, seu voto de desempate deve sempre propender para a moralidade pública e o bem comum.

Explica-se, contudo, tal atitude de Antônio Leite. Correligionário da prefeita Flávia Galdino, a quem lhe deve o mandato de vereador (e a presidência da Câmara) pelo apoio eleitoral dela recebido (em detrimento de outros que dela também o mereciam igualmente, como é o caso, por exemplo, do ex-vereador Sérgio Lacerda, fiel escudeiro de Gil Galdino), Antônio tornou-se, forçosamente, uma espécie de submisso refém da prefeita Flávia. Tornou-se um instrumento eficiente de manipulação da prefeita, tendente, ou melhor, obrigado a proceder política e parlamentarmente ao inteiro mando dela. Não fosse assim, Antônio Leite, em sã consciência, jamais haveria de comportar-se como o fez com respeito às supracitadas proposições do bloco oposicionista.

Bom seria que Antônio Leite, a bem de sua boa imagem político-parlamentar, justificasse neste blog (à sua inteira disposição), no site da Câmara, ou em outro espaço qualquer que lhe conviesse, por que votou contra as referidas proposições inerentes à Transparência Pública, apresentadas pelo vereador Antônio de Pádua. Por outras palavras, bom seria que Antônio Leite esclarecesse à população por que votou contra
a divulgação das prestações de contas do Município, o Diário Oficial do Município, normas específicas em matéria de licitação no âmbito do Município, Criação de Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar fatos a respeito da existência de irregularidades administrativas concernente à arrecadação de tributos municipais no Município.

Uma vez publicadas as razões do vereador Antônio de Pádua sobre as citadas proposições, uma vez publicada esta minha matéria em que – eminentemente no meu legítimo direito de cidadão - busco explicações para aquela atitude de Antônio Leite, é evidente que, se ele não a explicar a contento, ficará subentendida a manipulação (por parte da prefeita Flávia) de seu voto de desempate. E, pior, ficará subentendido seu descaso para com a lisura parlamentar e para com seu compromisso de vereador com a população.

Estendendo essas ponderações para além da competência da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Piancó, é pertinente indagar: se (no tocante às referidas proposições do vereador Pádua) a Mesa Diretora é contra a divulgação das prestações de contas do Município e a CPI para apurar fatos inerentes a tributos municipais, então a população poderá vir a deduzir que os fatos explanados pelo vereador Antônio de Pádua sejam verdadeiros, e que tanto a prefeita Flávia como sua bancada na Câmara não querem que eles se tornem públicos.

Cabe à Mesa Diretora da Câmara e à prefeita Flávia esclarecerem à população por que vêm obstando iniciativas da oposição concernentes ao controle da Administração Municipal. Cabe à Mesa Diretora e à prefeita Flávia demonstrarem à população que QUEM NÃO DEVE NÃO TEME. E, então, por que não a divulgação das prestações de contas do Município, por que não a CPI?

A Mesa Diretora da Câmara e a prefeita Flávia Galdino TEMEM a divulgação das prestações de contas do Município e a CPI? O VOTO DE DESEMPATE do presidente Antônio Leite é PRÓ-FLÁVIA ou PRÓ-PIANCÓ? A população quer e tem o direito de saber...
E precisa saber antes de outubro de 2010...